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Jubileu dos Presidiários: ‘Todos queremos o perdão, mas como é difícil perdoar’, reflete o bispo

Foto do escritor: PASCOM - Perpétuo SocorroPASCOM - Perpétuo Socorro


Nesta quinta-feira (11), o bispo dom Guido Zendron, celebrou o Jubileu dos Presidiários, na Catedral, concelebrado pelo Pe. João Batista, previsto no Ano Extraordinário da Misericórdia proposto pelo papa Francisco. Falou de pena, perdão e de preconceito. Junto aos agentes pastorais carcerários que no dia a dia estão no presídio para servir, bem como a turma que se formou em direito a qual o bispo fez um pedido especial e ao povo.

A pena

“A pena segundo a doutrina da Igreja, não é um castigo para humilhar a pessoa, a pena é para educar aquela pessoa a reconhecer um caminho diferente e melhor para ela e para todos nós”. Continua o bispo:

O desejo do perdão e a dificuldade de perdoar

“Muitas vezes o preconceito, a raiva, o ressentimento não nos ajudam a acolher a outra pessoa assim como ela é. E quando nos referimos de modo particular aos presos, temos já um pré-julgamento. Diante de alguns delitos, muitos de nós católicos dizemos: merece a pena de morte!, outras vezes: que seria melhor jogar as chaves fora!, como se fôssemos melhores que os outros. Se estamos aqui fora, e se somos aparentemente melhores, como disse o papa Francisco, é por graça de Deus”.

Celebrar o Jubileu para os presos também

Antes da celebração na igreja, o bispo e alguns padres juntos com agentes da Pastoral Carcerária estiveram no presídio. “Muitas vezes, as pessoas pensam que Pastoral Carcerária é apenas visitar os presos”, esclarece Dalma, e continua: “Temos processos na defensoria, temos que visitar as famílias dos presos, trabalhos para fazer no fórum”.

Dalma disse ainda que infelizmente não foi possível fazer a formação para novos agentes, devido ao pequeno número de pessoas inscritas. Mas que as reuniões continuam, à noite, sempre às segundas-feiras, no salão ao lado da Catedral.

“Quando falamos de pastoral carcerária parece que os presos somos nós, que não conseguimos sair, é preciso dar esse passo, cada um segundo o seu temperamento”, acrescentou o bispo.

Aos novos advogados

“Que tristeza quando também entre nós, vemos que o que determina a vida é a fragilidade, é o erro, o preconceito. Em primeiro lugar, devemos condenar o pecado, e salvar sempre a pessoa. O primeiro sinal dessa fraqueza vem das pessoas rejeitarem a pastoral carcerária, a misericórdia entra pelo coração, mas se não chegar às mãos para renovar a vida cotidiana, não é a misericórdia cristã”.

“Reconhecendo que vocês são amados e perdoados, vejam como podem fazer para esse perdão e esse amor chegar àquelas pessoas que mais precisam. Às vezes propomos ajudar principalmente aos presos em semiliberdade, mas quanta burocracia para fazer o bem. Então jovens, meu apelo é para que vocês usem esse conhecimento, essa profissão para promover a dignidade humana, o bem da pessoa, para lutar pela justiça: a pena é justa, mas com uma misericórdia”.

O Brasil tem a 5° maior população do mundo, e, segundo os dados do Ministério da Justiça do ano passado, a 4° maior população carcerária com 607 mil presos, ficando atrás apenas de China, Estados Unidos e Rússia.

Anexado a esses dados vem à constatação que falta tudo nos presídios brasileiros a começar por vagas. A superlotação é a face visível da situação escabrosa. Mas na realidade do cárcere comum é mesmo a truculência e à morte sempre a espreita.


 
 
 
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